Ao longo de sua história, o CE contribuiu para a formação de inúmeras associações de agricultores ecologistas, cooperativas de consumidores de produtos ecológicos, agroindústrias familiares rurais e na consolidação de mercados locais para produtos ecológicos. O Centro foi um dos principais articuladores para o surgimento da Rede Ecovida de Agroecologia, da Articulação Nacional de Agroecologia – ANA e no Movimento Agroecológico da América latina e Caribe - MAELA.
O Centro acumula uma série de realizações que contribuíram de modo decisivo na construção da agroecologia como alternativa concreta de produção e comercialização para milhares de famílias de pequenos agricultores no Brasil e na América Latina. O próprio formato de organização de agricultores, em pequenas associações comunitárias, constitui-se em uma importante contribuição na consolidação da agroecologia. Hoje, mais de 80 grupos de produtores familiares, na serra e no litoral, recebem acompanhamento direto e sistemático dos técnicos do Centro, que através de diversas metodologias participativas apoia esses empreendimentos.
No campo da tecnologia de produção, o Centro, em parceria com as Associações de Agricultores Ecologistas, foi responsável por desenvolver, consolidar e divulgar os principais métodos de cultivo agroecológico de frutas e hortaliças. Destaca-se, neste sentido, o desenvolvimento do biofertilizante enriquecido denominado de “supermagro”, uma genuína tecnologia social que é amplamente utilizado em todo o mundo na produção de alimentos orgânicos. Estima-se que milhões de litros de agrotóxicos deixaram de ser despejados no meio ambiente em função do uso deste produto, gerando ganhos econômicos e ambientais para milhares de pequenos agricultores.
A produção agroecológica integrada a diversas estratégias de comercialização e distribuição de alimentos constitui-se em outra substancial contribuição do Centro. A primeira feira de produtos ecológicos teve origem no ano de 1989, em Porto Alegre, onde alguns agricultores reuniram-se para comercializar a sua produção. O Centro, juntamente com a Cooperativa Ecológica COOLMÉIA, foram os responsáveis pela promoção desta feira. Atualmente, nos três estados do sul do Brasil, existe mais de uma centena de feiras agroecológicas, congregando milhares de agricultores e consumidores, que buscaram como fonte de inspiração o exemplo inicial da feira COOLMÉIA. Além das feiras, outra iniciativa de comercialização solidária, e também exemplo de tecnologia social, são as cooperativas de consumidores ecologistas que estão organizadas na Região de Torres. O Centro vem apoiando sistematicamente estes pequenos empreendimentos que agrupa consumidores urbanos dispostos a consumir alimentos produzidos com responsabilidade socioambiental.
A certificação dos produtos orgânicos através de métodos participativos é também uma conquista que teve no Centro Ecológico um de seus principais articuladores. A certificação participativa é o processo de geração de credibilidade que pressupõe a participação solidária de todos os segmentos interessados em assegurar a qualidade do produto final e do processo de produção. Este processo resulta de uma dinâmica social que surge a partir da integração entre os envolvidos com a produção, consumo e divulgação dos produtos a serem certificados.
Os sistemas participativos de garantia (SPGs), que também podem ser enquadrados como uma tecnologia social, encontram-se disseminados em todo o mundo, e atualmente existe uma força-tarefa internacional, composta por representantes de vários países, que tem o objetivo de sistematizar e divulgar as diversas experiências existentes no mundo. No Brasil, os SPGs estão hoje amparados pela legislação federal que regulamenta os produtos orgânicos.