Institucional

Quem Somos

O Centro Ecológico (CE) é uma Organização da Sociedade Civil (associação civil sem fins lucrativos) que desde 1985, trabalha para viabilizar avanços sustentáveis na produção agrícola, mediante a adoção de tecnologias alternativas orientadas pela filosofia da preservação ambiental e da justiça social. Através de visitas, reuniões, cursos e oficinas de capacitação e planejamento, o CE assessora organizações de agricultores familiares na produção, processamento e comercialização de alimentos ecológicos. O resgate e manejo da biodiversidade agrícola e alimentar, o estímulo à organização de produtores e consumidores, os Sistemas Participativos de Garantia, o desenvolvimento de mercados locais para produtos ecológicos e o estímulo à formulação de políticas públicas que incentivem uma agricultura sustentável são alguns dos nossos eixos de atuação.

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Onde Estamos

Atuamos diretamente através de seus dois escritórios – localizados em Ipê e Dom Pedro de Alcântara – em um conjunto de municípios localizados na serra gaúcha e na porção litorânea que reúne o norte do Rio Grande do Sul e o sul de Santa Catarina.

Nossa história

Ao longo de sua história, o CE contribuiu para a formação de inúmeras associações de agricultores ecologistas, cooperativas de consumidores de produtos ecológicos, agroindústrias familiares rurais e na consolidação de mercados locais para produtos ecológicos. O Centro foi um dos principais articuladores para o surgimento da Rede Ecovida de Agroecologia, da Articulação Nacional de Agroecologia – ANA e no Movimento Agroecológico da América latina e Caribe - MAELA.

O Centro acumula uma série de realizações que contribuíram de modo decisivo na construção da agroecologia como alternativa concreta de produção e comercialização para milhares de famílias de pequenos agricultores no Brasil e na América Latina. O próprio formato de organização de agricultores, em pequenas associações comunitárias, constitui-se em uma importante contribuição na consolidação da agroecologia. Hoje, mais de 80 grupos de produtores familiares, na serra e no litoral, recebem acompanhamento direto e sistemático dos técnicos do Centro, que através de diversas metodologias participativas apoia esses empreendimentos.

No campo da tecnologia de produção, o Centro, em parceria com as Associações de Agricultores Ecologistas, foi responsável por desenvolver, consolidar e divulgar os principais métodos de cultivo agroecológico de frutas e hortaliças. Destaca-se, neste sentido, o desenvolvimento do biofertilizante enriquecido denominado de “supermagro”, uma genuína tecnologia social que é amplamente utilizado em todo o mundo na produção de alimentos orgânicos. Estima-se que milhões de litros de agrotóxicos deixaram de ser despejados no meio ambiente em função do uso deste produto, gerando ganhos econômicos e ambientais para milhares de pequenos agricultores.

A produção agroecológica integrada a diversas estratégias de comercialização e distribuição de alimentos constitui-se em outra substancial contribuição do Centro. A primeira feira de produtos ecológicos teve origem no ano de 1989, em Porto Alegre, onde alguns agricultores reuniram-se para comercializar a sua produção. O Centro, juntamente com a Cooperativa Ecológica COOLMÉIA, foram os responsáveis pela promoção desta feira. Atualmente, nos três estados do sul do Brasil, existe mais de uma centena de feiras agroecológicas, congregando milhares de agricultores e consumidores, que buscaram como fonte de inspiração o exemplo inicial da feira COOLMÉIA. Além das feiras, outra iniciativa de comercialização solidária, e também exemplo de tecnologia social, são as cooperativas de consumidores ecologistas que estão organizadas na Região de Torres. O Centro vem apoiando sistematicamente estes pequenos empreendimentos que agrupa consumidores urbanos dispostos a consumir alimentos produzidos com responsabilidade socioambiental.

A certificação dos produtos orgânicos através de métodos participativos é também uma conquista que teve no Centro Ecológico um de seus principais articuladores. A certificação participativa é o processo de geração de credibilidade que pressupõe a participação solidária de todos os segmentos interessados em assegurar a qualidade do produto final e do processo de produção. Este processo resulta de uma dinâmica social que surge a partir da integração entre os envolvidos com a produção, consumo e divulgação dos produtos a serem certificados.

Os sistemas participativos de garantia (SPGs), que também podem ser enquadrados como uma tecnologia social, encontram-se disseminados em todo o mundo, e atualmente existe uma força-tarefa internacional, composta por representantes de vários países, que tem o objetivo de sistematizar e divulgar as diversas experiências existentes no mundo. No Brasil, os SPGs estão hoje amparados pela legislação federal que regulamenta os produtos orgânicos.

Onde tudo começou...

Os anos 80 foram de muita efervescência no meio rural no Brasil. Os impactos sócio-ambientais negativos da Revolução Verde, a distensão da ditadura militar e a retomada das lutas sociais no campo criam o cenário oportuno para o surgimento de organizações que buscavam uma nova forma de desenvolvimento no meio rural, baseado na Agricultura Ecológica e na Cooperação. É neste contexto que, em janeiro de 1985, surge o Projeto Vacaria, em uma área situada no atual município de Ipê.

Nascido no seio do movimento ambientalista, o objetivo inicial do Projeto Vacaria foi demonstrar a viabilidade técnica e econômica da Agricultura Ecológica. Após três anos de experimentação e prática, em uma propriedade rural de 70 hectares, então localizada no município de Vacaria, os técnicos então vinculados ao projeto buscam uma maior inserção na comunidade, visando a disseminação da proposta junto a agricultores familiares da região. As parcerias desde então estabelecidas frutificaram na forma de inúmeras Associações de Agricultores Ecologistas (AAEs), que se caracterizam pela prática da agricultura ecológica, por estarem organizados em pequenos grupos, pela industrialização artezanal de seus produtos e por buscarem canais alternativos para a comercialização de sua produção.

Em 1991, o projeto Vacaria passa a se denominar Centro de Agricultura Ecológica Ipê - CAE - Ipê, caracterizando uma nova fase do trabalho, onde o foco passa a ser menos a unidade produtiva da instituição e mais o acompanhamento às AAEs.

Em 1997, nova modificação. Neste momento, o trabalho se caracteriza por ir além da produção ecológica e se vincula a ecologização da propriedade como um todo, do indivíduo que nela trabalha e das relações sociais nas quais estamos inseridos. Assim o Centro de Agricultura Ecológica Ipê passa a se denominar simplesmente Centro Ecológico Ipê.

A partir de 1999 o Centro Ecológico se envolve também com o estímulo a formação de Cooperativas de Consumidores de Produtos Ecológicos, a partir da percepção que uma participação ativa dos consumidores é condição indispensável para o desenvolvimento do trabalho com Agricultura Ecológica.

Esta trajetória tem feito com que o Centro colabore, como interlocutor e referência de trabalho, no surgimento e qualificação de iniciativas em Agricultura Ecológica desenvolvidas no Brasil e em outros países, beneficiando-se, em muito, com esse permanente intercâmbio com outras experiências.

Missão

Promover a prática de uma agricultura ecológica tendo como objetivos:

1) a preservação / reconstituição das bases ecológicas de sustentação dos agroecossistemas e dos ecossistemas naturais a eles vinculados;

2) a viabilização econômica e social da agricultura familiar;

3) a construção de relações solidárias, transparentes e justas entre os diferentes agentes envolvidos na produção de alimentos;

4) o fortalecimento da autonomia e cidadania das populações rurais e urbanas na construção de uma economia ecológica, popular e solidária, e de um desenvolvimento social baseado na valorização do trabalho e no respeito à vida em suas diferentes manifestações;

5) a equidade nas relações de gênero e gerações.

Princípios

1) uma visão ecológica da agricultura e de sua interface com os ecossistemas naturais. Os sistemas de produção agrícola são interpretados e manejados como sistemas sócio-ecológicos, multideterminados, complexos e em permanente transformação, cuja reestruturação envolve diferentes níveis de intervenção;

2) a necessária combinação entre saber científico e saber popular, na construção de um conhecimento capaz de fundamentar um processo mais amplo de transformação social.

3) a busca da viabilização econômica e social da agricultura familiar. Os produtores não são considerados objeto de experimentação, mas sujeitos da construção de uma nova alternativa de desenvolvimento.

Cria-se com isso uma complementariedade de tarefas e papéis entre o CE, as AAE's e demais instituições parceiras, na geração e disseminação de alternativas tecnológicas e de organização social;

4) a construção de novos princípios e práticas de integração entre (i) produtores e consumidores; (ii) a sociedade civil, o poder público e o mercado; (iii) o campo e a cidade.