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Teses e Dissertações |
(12/06/2012) A construção social de mecanismos alternativos de mercado no âmbito da Rede Ecovida de Agroecologia |
Estudos sobre o sistema agroalimentar global têm apontado seus limites e impactos, em termos da equidade no acesso aos alimentos e da sustentabilidade dos processos de produção, beneficiamento e comercialização. Tais estudos demonstram como este sistema tem sido responsável pela concentração econômica no âmbito da atividade agroalimentar e exercido particular pressão sobre a agricultura familiar e camponesa, comprometendo sua autonomia e condições para garantia de sua reprodução social. Esta realidade tem gerado reações das mais diversas, por parte de movimentos sociais e organizações camponesas que se propõem a construir processos de produção e consumo alternativos, que privilegiem a busca por formas de produção e consumo ambientalmente sustentáveis e geradoras de processos sociais e econômicos mais equitativos. Nesta perspectiva, diversas organizações de agricultores e assessoria vêm propondo há mais de três décadas no Brasil a construção da agroecologia, enquanto forma alternativa de produção e organização das atividades agroalimentares.
No Sul do Brasil, a agroecologia encontra sua maior expressão em torno da Rede Ecovida de Agroecologia, rede que articula grupos de agricultores ecologistas, organizações de assessoria e consumidores em torno de 27 Núcleos Regionais distribuÃdos nos três Estados do Sul. Entre seus princÃpios e objetivos, a Rede Ecovida se propõe à construção de formas alternativas de comercialização, que priorizem a ampliação do acesso aos produtos ecológicos, bem como as relações voltadas ao mercado local. Neste sentido, este estudo visa caracterizar estas iniciativas e identificar elementos de sua constituição que possam ser compreendidos como formas alternativas de construção de mercados, bem como sua relação face ao cumprimento dos objetivos da soberania e segurança alimentar e nutricional. Para tanto, seis Núcleos Regionais e, dentro destes, sete organizações de agricultores foram pesquisadas, através da realização de grupos focais junto à s organizações, entrevistas com gestores dos processos de comercialização, bem como da aplicação de questionários individuais à s famÃlias selecionadas. As formas de comercialização da Rede Ecovida se estruturam a partir de processos coletivos, configurando uma estratégia geral de participação nos mercados e, dentro desta, a construção de mecanismos alternativos de comercialização, socialmente enraizados nas lógicas social, ambiental e econômica caracterÃsticas da agricultura familiar e camponesa. Este processo tem possibilitado a abertura de espaços de autonomia para as famÃlias agricultoras, ampliando sua capacidade de intervenção nos mercados, estimulando a diversificação da produção e melhorando seus nÃveis de autoconsumo, fortalecendo processos de organização social e a (re)construção de relações de solidariedade e reciprocidade entre agricultores e destes com os consumidores. Da mesma forma, tem se apoiado na criação de formas de gestão socialmente apropriadas à sua realidade e têm sido efetivas em termos da promoção da soberania e segurança alimentar e nutricional em suas várias dimensões, em que pesem as contradições e limitações desta construção, realizada no âmbito de um contexto onde a racionalidade mercantil se faz predominante. |
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